Ameaças

Sobrepesca

A sobrepesca e superexploração dos estoques pesqueiros altera a disponibilidade de alimento e causa desequilíbrio na cadeia alimentar. Muitas espécies não possuem adaptabilidade ou outras fontes substitutas de alimento, sofrendo com a escassez das presas.

Além da problemática do emalhe em rede de pesca, em algumas modalidades, esses animais podem ser utilizados como isca, o que lhes atribui valor, tornando-os muitas vezes o próprio alvo da pesca.

Colisão e atropelamento

O atropelamento de espécies aquáticas é bastante comum, e quase sempre são fatais quando se trata de espécies menores. Muitos animais são amputados ou acabam desenvolvendo infecções devido aos ferimentos e morrem. O atropelamento pode ocorrer por grandes navios em mar aberto, ou por embarcações menores e costeiras, como jet-skis e lanchas, que atingem altas velocidades em um curto espaço de tempo.

Mudanças climáticas

A mudança climática não é um fenômeno recente, durante milhões de anos, alterações no clima da Terra têm mantido importante relação com a evolução da vida em nosso planeta. Os mamíferos aquáticos que habitam o Planeta há milhões de anos, sempre se adaptaram as mudanças, porém, nunca precisaram se adaptar tão rapidamente. Nos últimos 100 anos, o aumento de CO2 e da temperatura mudaram de forma bastante brusca, levando a acidificação dos oceanos, aumento do nível e da temperatura dos mares, reduzindo as camadas de gelo, levando a alterações na produtividade.

As consequências podem ser a perda de habitat, tanto pela diminuição das camadas de gelo, como diminuição de áreas de praias, alteração do período das migrações, alterando a dinâmica-presa-predador.

As temperaturas médias estão previstas para subir de 3-4 graus até o final do século XXI, com taxas de aquecimento ainda maior nas águas polares, podendo colocar em risco a alimentação do Ártico e da Antártida, pois podem afetar de maneira negativa a população de krill, fonte alimentar primária de muitas espécies marinhas, incluindo as grandes baleias.

Caça Cultural

Alguns locais ainda caçam por ser cultural, entretanto hoje em dia a brutalidade e crueldade desta caça já não se justificam e podem estar impactando as populações caçadas. Algumas práticas ainda ameaçam muitas espécies de mamíferos aquáticos. O consumo de carne, produção de óleo, o uso de partes dos seus corpos como isca para pesca de peixes, como matéria-prima de artesanatos (pulseiras, pingentes) e medicina tradicional impulsiona a caça desses animais.

Caça Comercial

Por um longo período, baleias foram caçadas e muitas espécies quase extintas. Em 1986 entrou em vigor uma moratória que proibiu a caça em todo o mundo, com exceção de comunidades aborígenes que dependessem exclusivamente da caça para seu sustento. Atualmente, o Japão ainda caça baleias com o pretexto de “caça científica”. Islândia e Noruega, ignoram a moratória e continuam a caçar. Nesses locais as carnes de baleias são servidas em restaurantes e vendidas em supermercados.

Captura para a indústria do cativeiro

A indústria do cativeiro, captura animais que serão direcionados à aquários, exposições e programas de nado com golfinhos. Além da brutalidade da captura de certos indivíduos de espécies que tem complexas relações sociais e familiares, é responsável pela morte de inúmeros animais todos os anos, tanto no momento da captura e transporte, quanto no ambiente totalmente insalubre e nada natural do confinamento.

Degradação do Habitat

Muitas espécies dependem de ambientes que possuem características específicas para se desenvolver ou se reproduzir, como espécies que habitam estuários ou manguezais. Outras, dependem de regiões específicas para completarem ciclos de reprodução – no Brasil, o caso das baleias-franca e baleias-jubarte. As alterações desses habitats causam desequilíbrio e os tornam impróprios para essas espécies, fazendo com que se desloquem para outros locais, ou simplesmente desapareçam.

Mar de Lixo

Toneladas de lixo são descartadas nos oceanos e mares todos os anos, muitos animais confundem esses resíduos com alimento e acabam ingerindo grandes quantidades de lixo. O efeito dessa ingestão é a obstrução do sistema digestivo, a redução da capacidade de absorção de nutrientes e o óbito desses animais por inanição (com os estômagos cheios de lixo, eles param de se alimentar).

Além da problemática geral causada pelo lixo, o plástico, em especial, é o maior vilão. Suas partes maiores são fragmentadas e reduzidas através da exposição solar e choque físico das ondas, gerando microplásticos, que se inserem na cadeia alimentar desde o zooplâncton, atingindo o topo da cadeia da pior forma possível: repleto de substâncias químicas que se aderem as pequenas partículas de plástico e são absorvidas pelo organismo dos animais que os ingerem, se acumulando ao longo da vida.

Poluição Química

A contaminação da água por compostos químicos orgânicos ou inorgânicos, como metais pesados e petróleo, são extremamente impactantes para a fauna aquática. Substâncias químicas são de difícil remoção e tem efeitos cumulativos que demoram a ser notados. Um animal que ingere esse tipo de contaminação, acumula em seus tecidos essas substâncias nocivas, as quais interferem no seu crescimento e desenvolvimento, podendo afetar reprodução, suprimir o sistema imunológico (o que os deixa mais vulneráveis a doenças) e causar mutações gênicas.

Poluição Sonora

Devido a facilidade de propagação do som em ambiente aquático, o aumento dos ruídos no ambiente marinho afeta diretamente espécies que possuem o sistema auditivo mais complexo, como no caso dos cetáceos. Esses animais utilizam emissões sonoras que tem como objetivo a comunicação, localização, alimentação, reconhecimento de ambiente, navegação e reprodução (algumas espécies cantam, como forma de atrair seus parceiros). Influências antrópicas como atividades militares (utilização de sonares), tráfego de embarcações, construções, prospecções sísmicas, dragagens e perfurações, são ameaças constantes, podendo causar graves lesões, afetando a audição, desorientando, levando até a morte pelas perturbações sonoras.

Emalhe em redes de pesca – Captura acidental

Os mamíferos aquáticos são frequentemente capturados acidentalmente em redes de pesca, por não se tratarem da espécie alvo de interesse da operação pesqueira, são descartados.
As capturas acidentais são comuns em todas as modalidades de pesca, mas em especial, as chamadas redes de espera são as que mais causam mortalidade entre esses animais. Essas redes são fixadas em determinados locais e retiradas após longos períodos de espera, se tornando barreiras físicas para cetáceos e outras espécies aquáticas, que se enroscam na rede e com a tentativa de fuga acabam ainda mais emaranhados, podendo morrer por asfixia, afogamento, trauma, lacerações e amputações de membros e inanição. Existe uma estimativa que mais de 310 mil baleias e golfinhos morram anualmente em redes de pesca. Em alguns locais a captura acidental é tão intensa que está levando populações e algumas espécies à extinção.