#Avistagens 20/05/2025

O impacto invisível no mar: como o ruído das embarcações afeta as baleias-jubarte

Imagine tentar conversar em um lugar cheio de gritos ou tentar dormir enquanto britadeiras funcionam ao seu redor. Para as baleias-jubarte, isso não é apenas um incômodo ocasional — é uma realidade constante.

Com o aumento do tráfego marítimo em todo o mundo, especialmente em habitats marinhos críticos, as baleias-jubarte estão sendo bombardeadas por poluição sonora vinda das embarcações. O oceano, antes repleto de canções complexas de baleias e migrações silenciosas, agora é invadido pelo som constante de motores e hélices. E isso está trazendo sérias consequências.

O Que Dizem os Estudos Científicos

Pesquisas recentes revelam um cenário preocupante:

•⁠ ⁠Alimentação Prejudicada
Estudos mostram que o ruído dos navios reduz o número de mergulhos de alimentação feitos pelas baleias. Elas descem mais devagar e se alimentam com menos frequência, o que afeta suas reservas de energia — essenciais para a migração e reprodução (Blair et al., 2016).
•⁠ ⁠Estresse em Mães e Filhotes
Em áreas com turismo de observação de baleias, ruídos mais altos de embarcações reduzem em quase 30% o tempo de descanso das mães jubartes. Isso também aumenta sua velocidade de nado e a frequência respiratória — sinais claros de estresse, que podem prejudicar o desenvolvimento dos filhotes (Morete et al., 2007Sprogis et al., 2020).
•⁠ ⁠Canções Silenciadas, Comunicação Prejudicada
As jubartes dependem fortemente de sons para se comunicar. Mas, com o ruído constante dos navios, suas canções são mascaradas, forçando-as a vocalizar mais alto ou até interromper a comunicação. Isso pode afetar o acasalamento, os laços sociais e a coordenação em grupo (Dunlop et al., 2019).
•⁠ ⁠Comportamentos de Fuga Revelam Estresse
Observações no Havaí mostram que, na presença de embarcações, as baleias aumentam a velocidade e seguem trajetórias mais diretas — comportamentos associados ao estresse e à tentativa de fuga (Baker et al., 2021).

O Que Podemos Fazer?

Existem soluções — e motivos para ter esperança. Reduzir a velocidade dos barcos, criar zonas livres de tráfego marítimo e adotar tecnologias mais silenciosas são formas eficazes de mitigar o impacto sobre as baleias. A conscientização pública e práticas responsáveis de observação também fazem toda a diferença. No litoral norte de São Paulo, a prefeitura de Ilhabela e de São Sebastiao, Institutos de pesquisa, Áreas de Proteção Ambiental, Parque Estadual Ilhabela e o VIVA estão desenvolvendo uma série de ações para tentar EDUCAR E REGRAR esse turismo buscando o desenvolvimento sustentável dessa atividade. Muitas empresas na região oferecem esse passeio de forma respeitosa e educativa!

Nós do VIVA Instituto Verde Azul defendemos a proteção da vida marinha e apoiamos políticas que minimizem a interferência humana nos ecossistemas marinhos. O oceano deve ser um refúgio — e não uma fonte de estresse — para seus habitantes mais majestosos.

Vamos proteger suas canções, seu espaço e sua sobrevivência.

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